1928 - 2020
Defensor por natureza e da natureza, pegava seu motorhome e caía na estrada.
Assumia a causa dos clientes, dos colegas, dos desvalidos e dos animais. Um vencedor; em verdade, um defensor nato.
Formou-se advogado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 1957. Especializou-se num ramo do direito que, de tão difícil, poucos são os que se sobressaem. Ele se sobressaiu. Tornou-se o grande advogado do Tribunal do Júri de Campinas (e também da região), aquele que mais fazia júris nos anos em que vicejava a sua combatividade. Mas não pensem que foi fácil chegar onde chegou. Ele realmente era um vencedor.
Também era um amante da natureza, tinha mais de 20 cães e até Tamanduá em sua chácara, seu refúgio quando conseguia se afastar temporariamente de seus afazeres. Gostava de pescar e viajar. Tinha um "Motorhome" para cair na estrada.
Criou-se praticamente sozinho nas ruas de São Paulo. Alfabetizou-se por conta própria, já adulto, no antigo Diocesano Santa Maria. Foi professor de português e fiscal, antes de se formar em Direito. Era um homem dedicado, passava noites nas delegacias e fez do escritório o seu lar.
Lutou contra um AVC, que o deixou sem voz e o imobilizou no leito, mas ele o venceu. Assim como derrotou pneumonias recorrentes e inúmeras infecções. Foi numa clínica de moradia para idosos que ele travou sua última batalha contra o novo coronavírus. Partiu no dia 13 de agosto, justamente o seu número da sorte.
Longe de ser uma derrota! Aos 92 anos, José ergueu uma bandeira branca, pediu trégua, libertou sua alma e descansou.
José nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Campinas (SP), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela amiga de José, Eunice Damaris Alves Pereira. Este tributo foi apurado por Carla Cruz, editado por Ricardo Valverde, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 26 de dezembro de 2020.