1945 - 2020
Não era apenas o "vô do banco da praça". Era também um genuíno gaiteiro dos pampas gaúchos.
Enio Gaiteiro ou Didi, como era conhecido, era animado, alegre e bem-humorado. Tinha um coração enorme e sempre foi muito dedicado às filhas Marcia, Giane e Denise.
Além dos bicos de trabalho que fez por toda a vida no frigorífico, na madeireira ou ainda como servente de pedreiro, o boêmio Enio Gaiteiro era músico! Tocava gaita, teclado e até pandeiro, mas seu forte mesmo era a gaita, instrumento conhecido em outros estados brasileiros como acordeon ou sanfona.
Morador da interiorana cidade gaúcha de Rio Pardo, após algumas limitações impostas pela diabetes e hipertensão, deixou de integrar os conjuntos que animavam os bailes da terceira idade, mas nunca abandonou sua sanfona.
"Não havia quem não o conhecesse e menos ainda quem não gostasse dele. Era o 'vô da praça do bairro Boa Vista', aquele que estava sempre lá, sentadinho dando comida aos pássaros e trovando com conhecidos, amigos, taxistas e com quem mais passasse por lá. Ele fazia sucesso! O mundo dele era a casa e o banco da praça", diz a filha Denise.
Denise conta que ela e as irmãs foram criadas no mundo da música. Ela espera que o pai tenha encontrado um belo banco de praça no Paraíso para seguir trovando, alimentando os passarinhos e tocando lindamente sua gaita, que era muito mais que um simples instrumento musical, era sua companheira de todas as horas.
Sim, certamente Enio Gaiteiro já abriu sua gaita no Céu e saudou todos os familiares e companheiros que o aguardavam saudosos para apreciar novamente sua música e animação.
Enio nasceu em Rio Pardo (RS) e faleceu em Rio Pardo (RS), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Enio, Denise Cristina Rocha Pereira. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Lícia Zanol e moderado por Lígia Franzin em 1 de abril de 2021.