1939 - 2020
Usava muitos anéis e pulseiras; há até uma foto dela ostentando um dente de ouro emoldurando seu sorriso.
Tinha um amor muito grande pelos irmãos e pela família e, às vezes, por excesso, não sabia expressar ou demonstrar, parecendo ser durona, mas isso era compreendido pelas netas como consequência da vida dura que enfrentou.
Ela foi casada por pouco mais de cinco décadas com José ou Belo, como era conhecido, a quem amou incondicionalmente e, quando ele faleceu, em 2013, ela encontrou como forma de expressar seus sentimentos: começou a escrever em um diário.
Isso acabou virando um hobby e ela, mesmo com pouco estudo, passava horas e horas registrando em inúmeras folhas as alegrias, tristezas e desabafos, as viagens que amava fazer e que hoje viraram saudades.
Avó de muitos netos e netas, esta homenagem foi uma iniciativa da neta Flávia e teve a participação das primas Nicole, Yasmim e Érika.
Nicole se recorda com carinho de quando viajou pela primeira vez de avião para ver os avós em Fortaleza. Lá, ela foi cuidada pela avó que não poupou esforços para deixá-la confortável. Não se esquece do dia em que, para amenizar o calor, usou um balde d'água como uma verdadeira piscininha para sua alegria.
Lembra-se de como ela era vaidosa e de como demorou a assumir os cabelos brancos, que escondeu durante muito tempo por meio de tinturas
Ela era uma mistura de sorrisos e braveza, característica que, na avaliação das netas, as filhas de dona Eloi herdaram. Era daquelas que se fazia de durona, mas era manhosa e gostava de atenção.
Causou orgulho quando aprendeu a mexer no celular. Tomou tanto gosto por ele que chegou a pedir ajuda a Nicole para escolher um aparelho mais moderno, do qual ela não desgrudava mesmo durante as festas.
Era boa de garfo e comia de tudo! Para a felicidade de todos, ensinou o segredo da maravilhosa feijoada que fazia para as filhas.
Sempre pedia a Nicole que ela se casasse logo, porque, se demorasse, ela não sabia se poderia estar presente. Infelizmente seu medo se cumpriu, mas a neta acredita que, de alguma forma, a dona Eloi estará assistindo ao seu casamento.
Yasmin carrega como maiores lembranças da avó a forma carinhosa de ser e o prazer em cozinhar para a família, em cuidar de sua casinha e também de ir à igreja.
Chamava atenção a forma ativa como ela interagia no grupo da família e de como, pelo celular, não deixava de parabenizar, com seu jeitinho especial, cada aniversariante. “Frequentava” as redes sociais e, com tudo isso, os seus dedinhos não paravam de teclar.
Érika chamava a avó carinhosamente de “Velhinha” e a define como uma mulher vaidosa, guerreira e com muita fé em Deus.
Apaixonada pela vida, tinha uma imensa vontade de viver. As netas brincavam, pedindo para que ela não levantasse as mãos, porque, senão, “Deus levava”. Ela sempre respondia: "Vocês vão ter que me engolir, vou viver, e muito" E finalizava: "Pode deixar que não vou levantar".
Assim viveu e partiu Dona Eloi, deixando boas lembranças e muitas saudades.
Eloi nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Eloi, Flávia Lima Rosa. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente e Hélida Matta , editado por Vera Dias, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 6 de março de 2021.