1937 - 2020
Alegre e vaidoso, Bonitão estava sempre arrumado, com banho tomado, creme no cabelo e barba feita.
Adorado por todos, Bonitão ─ como gostava de ser chamado ─ se relacionava com pessoas de todas as idades. Era uma pessoa sem formação universitária, mas com uma sabedoria incrível. Vivenciou e ensinou à família valores fundamentais como fé, respeito e honestidade.
Com 83 anos e muito vaidoso, Bonitão gostava de se apresentar de banho tomado, creme no cabelo e barba feita. Quase não tinha cabelos brancos. “Ficava bravo quando alguém dizia que ele pintava”, conta a filha Cleusa Maria.
Não suportava desentendimento familiar. Por isso, segundo a filha, antes de Dionisio ser acometido por doenças, escreveu um testamento de próprio punho, dentro de sua simplicidade, descrevendo o que tinha feito e o que deixaria para cada filho e a esposa, e o entregou a uma pessoa de sua confiança.
Quando completou 79 anos, ao invés de receber, presenteou cada um dos filhos com aquilo que representava seu trabalho e sua vida. Dionisio era marceneiro e então fez, para cada um deles, um quadro de MDF com uma abertura em que colocou 3 mil reais. “Começou entregando para a filha mais velha e assim chamou a todos, dizendo que aquele valor representava dignidade, que era para termos fé, agradecer sempre e valorizar a família”, relembra Cleusa Maria.
Com fé e gratidão, a família reconhece e dignifica esse “ser humano iluminado” que desmontou e reparou, serrou e lixou, deixando os melhores substratos esculpidos em forma de valores.
Dionisio nasceu em São Jorge (RS) e faleceu em São Jorge (RS), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Dionisio, Cleusa Maria Bristot. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Denise Stefanoni, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 5 de janeiro de 2021.