1957 - 2020
Nem sempre trazia peixes das pescarias; mas voltava com um bigodinho crescido bem engraçado e com a alma leve.
Clóvis era um ranzinza adorável e alegre. Um homem de hábitos simples que soube ser feliz com sua esposa, cachorros e os papagaios que criava. Gostava do sossego de casa, cuidar de suas plantinhas e do quintal que tanto amava. Foi um trabalhador muito dedicado, e dava tanta importância à higiene pessoal e dos ambientes que ganhou o apelido de "Dr. Bactéria".
Clóvis cresceu sem pai, e se esforçava para ser o melhor pai. Nesse empreendimento, "acertou mais que errou" foi o que Cláudia, filha amada, avaliou. Passou a vida sendo um homem de bem e seu empenho em fazer as coisas do jeito certo o fizeram ser vitorioso.
Dividia o seu amor pelas plantas com a filha Cláudia, fazia mudas e tirava fotos diariamente para que Cláudia pudesse ver a evolução de suas plantinhas. “Como ele sabia que eu gostava de plantas, me mandava fotos todo orgulhoso. Acho que a última vez que o vi, pedi uma muda da Onze Horas, mas não deu tempo de eu a receber de suas mão. Dias depois da sua morte, eu pedi para sua esposa plantar uma muda em um vaso para mim; e, para minha surpresa, ela me mandou uma foto de um vaso com uma já grandinha, que ele havia plantado e disse que esperaria ela estar maior para vir me trazer. Alguns dias depois eu a peguei. Agora ela está grande e toda florida aqui em casa” conta Cláudia.
Um de seus dons era cozinhar bem; e ele gostava de comer com gosto o que lhe aprazia. Fazia um peixe assado e uma broa de fubá que ninguém podia colocar defeito e, se alguém quisesse agradá-lo, era só lhe oferecer um feijão de caldo com ovo frito e ambrosia de sobremesa.
Gostava muito de viajar, visitar a família que morava no interior, ficar na roça e, acima de tudo, pescar. Gostava tanto da pescaria que fazia longas viagens e ia longe, passava semanas a fio fora de casa. A filha relembra que quando ele voltava nem sempre trazia peixe, mas no seu rosto sempre havia um bigodinho ridículo, motivo de muitas brincadeiras na família.
Realizou grande parte dos seus sonhos. Deixou para inspirar seus descendentes a realização de três projetos: a aposentadoria, morar no interior, e ganhar na loteria. Clovis partiu deixando saudades, lembranças alegres e bons exemplos.
Clóvis nasceu em Morrinhos (GO) e faleceu em iânia Go, aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Clóvis, Cláudia Fernandes Santos. Este tributo foi apurado por Ticiana Werneck, editado por Vera Dias, revisado por Claiane Lamperth e moderado por Ana Macarini em 13 de dezembro de 2021.