1945 - 2020
Lutar sempre, tombar talvez, esmorecer nunca.
O epitáfio acima é uma criação do próprio homenageado Osni, em quem o bom humor e a empatia foram marcas registradas.
A generosidade de Osni vinha em forma de bom humor. Sua preocupação era fazer as pessoas rirem, nem que fosse à custa de si mesmo: batia na própria barriga, dizendo em tom de brincadeira que estava “grávido”.
Dedicou a vida ao trabalho nos Alcoólicos Anônimos, salvando homens e, por conseguinte, famílias inteiras do alcoolismo, que ele escolheu abandonar quando os filhos nasceram.
"Quando nós, os filhos, fomos até a casa em que ele morava, dias depois do enterro, uma vizinha, moradora de um barraco muito humilde, disse chorando: 'Ele salvou meu cunhado da bebida, ele dava caju pra fazer suco pros meus meninos'", conta Gabriela, uma das filhas.
Conhecia a cidade toda e a cidade toda o conhecia. Gaúcho, como era chamado também, era sempre descrito como uma pessoa de coração muito bom, um cara engraçado.
"Era praxe ter uma anedota pra qualquer assunto. Contava com aquela vocação dos mais antigos, que não corriam com as narrativas, não sabiam nada de textão; apenas jogavam conversa fora horas a fio", relembra a filha.
Adorava política, assistia ao jornal na TV e lia muito. Gostava de escrever. Sempre dizia para os filhos: "O pai dá um jeito, não se prejudique".
E, agora que ele partiu, os filhos manterão seu lema:
Lutar sempre.
Tombar talvez.
Esmorecer nunca.
Osni nasceu em Irani (SC) e faleceu em Barra do Garças (MT), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Osni, Gabriela Felipe Guerreiro. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Phydia de Athayde em 5 de janeiro de 2021.