1948 - 2020
Fez de sua profissão um ato de heroísmo.
A filha de José Carlos escreveu a seguinte homenagem ao pai:
"Quero começar dizendo que, para mim, desde sempre, meu pai só tinha duas roupas: o branco, que era seu uniforme de combate (usou durante 90% da minha vida, desde quando consigo me lembrar!) e uma bermuda que ele punha nos churrascos em família, quando a filharada conseguia se reunir.
Esse vírus não levou um sedentário, um idoso com comorbidades, um desconhecido que apareceu no jornal... Essa 'gripezinha' levou dessa vida um avô, um pai, um tio, um marido, um herói, um médico. Levou o cara que acordava todos os dias e ia cumprir sua missão. Principalmente nesse momento tão delicado que o mundo está passando, com um vírus perigoso, sim, solto por aí, meu pai não hesitou nenhum dia sequer em ajudar com seu trabalho: 'Tenho meus pacientes precisando de mim!', dizia.
Ele era assim, via seu trabalho como missão! E mesmo já tendo certa idade, continuava trabalhando. Mesmo eu tendo pedido para ele parar, meu pai continuava. Mesmo se protegendo e seguindo os protocolos, ele se contaminou. Mesmo eu pedindo pra Deus toda proteção, ele morreu. E mesmo eu já sendo uma mulher adulta, choro pela falta dele...
Agora, resta a nós, a mim e a meus irmãos, passarmos pra frente essa corrente do bem, essa luz, esse exemplo que ele nos deixou de herança... Se para um filho ou uma filha o pai já é um herói, agora o meu eternizou esse título... E é assim que será lembrado por nós e pelo mundo daqui pela eternidade. Um herói que lutou pelo próximo até o fim!"
José nasceu em Santos (SP) e faleceu em Santos (SP), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de José, Chrissie Alvares Marujeiro Bezerra. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Joaci Pereira Furtado, revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 1 de janeiro de 2021.