1969 - 2020
Apaixonado pela esposa e por caminhões, pretendia curtir a aposentadoria desbravando esse Brasil com sua amada.
Gersão, Águia, Careca: o amazonense Gerson era conhecido por diferentes apelidos. A paixão dele pela família era única. "Meu pai não media esforços para ver a felicidade de quem estivesse ao redor", garante Otavio, o filho mais velho da união de mais de três décadas entre o vendedor e Aparecida, "seu amor além da vida, ele sempre repetia", ressalta o primogênito.
Apesar da aparência de "serião", Gerson foi um paizão para os três filhões: Otavio, Jeffersonn e Henzo. Porém, o xodó maior ele dispensava aos quatro netos. "Sempre muito brincalhão com eles, costumava rolar pelo chão e deixar as netas maquiá-lo. Em várias oportunidades, raptava os netos e iam para o sítio que havia acabado de adquirir e nem infraestrutura direito tinha", conta Otavio, que recebeu o mesmo nome do avô paterno.
Na infância, Gersão costumava acompanhar o pai na cabine do caminhão. "Daí veio o amor do meu pai pelos caminhões, explica Otávio. Gerson chegou a ser sócio em uma transportadora e realizou o sonho de ter alguns deles. "Papai preferia viajar sozinho do que ficar dentro de um escritório", lembra Otavio.
Por isso, um dos maiores sonhos do vendedor de produtos alimentícios era se aposentar, comprar uma carreta e partir com a esposa por longas viagens pelo Brasil. "Papai amava viajar, fosse a serviço ou por diversão. Ele foi gerente de vendas por muito tempo e não perdia a chance de pegar a estrada.
Uma delas surgiu quando Otavio decidiu cursar Veterinária em outro estado. "Gersão fez de tudo para tornar o meu desejo possível. Viajou comigo para visitar a faculdade e gostou mais das instalações do que eu", ri Otavio.
De acordo com o filho, Gerson era dono de uma "eloquência surreal", o que o tornava um vendedor nato, embora só tivesse estudado até a quarta série do ensino fundamental. Bom de papo e carismático, Vovô Careca era uma referência de lealdade e perseverança para os familiares e amigos.
"O maior legado do meu pai é a família que construiu, além da educação que deixou para os três filhos. Ele sempre será lembrado por sua honestidade, sua alegria e sua persistência em alcançar os objetivos que traçou. Obrigado, pai!"
Gerson nasceu em Porto Esperidião (MT) e faleceu em Autazes (AM), aos 51 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo filho de Gerson, Otavio Ferreira Nantes Neto. Este tributo foi apurado por Denise Stefanoni, editado por Luciana Assunção, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Ana Macarini em 23 de fevereiro de 2022.