1980 - 2020
Cantora de quadrilha e nordestina genuína, viveu a vida como quis.
Nascida em dezembro, no dia de Nossa Senhora da Conceição e Oxum, “Fafá” – como era conhecida artisticamente – veio ao mundo destinada a se tornar uma mulher de fibra e independente, que traçaria seu próprio caminho conforme as suas vontades.
Desde nova, despertou o gosto pelo canto, tendo o desenvolvido em meio aos grupos de jovens da igreja católica. Mais tarde, deixou o catolicismo e se tornou candomblecista, onde seguiu cantando aos orixás. Chegou a concluir um curso superior em Administração, mas acabou deixando de lado a vida em escritório para ir atrás da sua verdadeira vocação: ser artista.
Foi vocalista da quadrilha junina Unidos em Asa Branca por quase uma década, tendo participado de várias conquistas do grupo. Representou diversas vezes o estado de Sergipe no Festival de Quadrilhas Juninas do Nordeste, junto à “Unidos”. Ela era muito querida no meio artístico das quadrilhas por toda região, e, de acordo com alguns de seus amigos, enchia todos de emoção com a força do seu “gogó de ouro” assim que começava a cantar.
Dentro de casa Fabiana apresentava uma personalidade mais introspectiva e reservada, mas fora dela, possuía uma enorme rede de amigos que atravessava as fronteiras físicas. Era uma pessoa muito positiva e verdadeira. Falava o que pensava, o que, por um lado, afastava algumas pessoas que não conseguiam lidar com tamanha sinceridade, mas por outro, trazia outras para mais perto, cultivando amizades muito próximas, de “unha e carne”.
Tinha o sonho de ser mãe, que infelizmente não chegou a realizar, mas adorava brincar com seus amigos pedindo para que eles lhe dessem um filho. Gostava muito de viajar e se divertia frequentando shows. Fazia parte dos foliões de carteirinha que marcam presença no carnaval em todos os anos, era bastante fã da cantora Ivete Sangalo. Mesmo sendo vaidosa, não deixava que essa característica a impedisse de curtir ao máximo todos os eventos que ia.
Fabiana viveu a vida da forma como ela mesmo quis. Fez das quadrilhas o motor artístico do qual se dedicou incansavelmente. Proporcionou alegria a diversos forrozeiros que dançaram ao som de sua voz em inúmeras noites e, com certeza, ficará na memória de todos aqueles que já se entregaram ao forró tornado vivo pelo seu canto único.
Fabiana nasceu em Aracaju (SE) e faleceu em Aracaju (SE), aos 39 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Fabiana, Fernanda Sanane Santos Cruz. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Thyago Joaquim Brandão Soares, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 8 de novembro de 2020.