1947 - 2020
Um coração nordestino que atravessou a secura do semi-árido transbordando amor.
“Do Ó”. Francisco trazia no sobrenome hoje algo estranho, uma antiga devoção católica: Nossa Senhora da Anunciação – ou “do Ó” –, aquela do momento em que Maria foi avisada de que seria mãe de Jesus Cristo.
Com prenome também de santo, ele veio da caatinga cearense, onde o catolicismo era muito forte. Sua cidade natal fica a pouco mais de duzentos quilômetros de um dos maiores santuários do país: o do padre Cícero, em Juazeiro do Norte.
Ainda jovem, Francisco migrou para Goiânia, com a esposa e os oito filhos. Na nova terra, que naquele tempo era uma fronteira de desenvolvimento do país, viu a família crescer: foi avô de dezessete netos e bisavô de dois. Fazia questão de reunir a numerosa prole “em eventos e confraternizações”, escreve seu neto Gilson, para quem o avô era um homem “intenso”. Ele “se desmanchava pela família e sempre se preocupava mais com a felicidade do outro do que com a dele”.
Francisco nunca esquecia um aniversário, prossegue Gilson. “Era sempre o primeiro a ligar, bem cedinho, e fazia questão de fazer ligações de vídeo e ficar horas conversando sobre qualquer assunto”.
Era “um coração nordestino que transbordava amor e alegria, envolvia as pessoas ao seu redor e, por onde passava, fazia amigos”.
Francisco nasceu em Tauá (CE) e faleceu em Goiânia (GO), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo neto de Francisco, Gilson de Souza Ferreira Neto. Este tributo foi apurado por Hélida Matta , editado por Joaci Pereira Furtado, revisado por Sandra Maia e moderado por Phydia de Athayde em 4 de janeiro de 2021.