1974 - 2020
Honrou o lema da corporação, mimou a cachorra, cuidou da moto, mas o amor pela esposa foi a força de sua vida.
"Vida alheia e riquezas salvar". Este é o lema do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro e o compromisso que Charles Baiense de Araújo, membro da corporação desde 1998, assumiu não só profissionalmente, mas em todos aspectos da sua vida.
O zelo e o cuidado eram as principais características de Charles. Segundo sua esposa, Elaine Gomes Ferreira de Araújo, ele era "uma pessoa que não media esforços para fazer o bem, um apaixonado pela vida".
Uma das suas paixões era a Jad, a cachorrinha de estimação do casal. Ele que cozinhava a comida dela, levava para a veterinária. Jad retribuía esperando-o ansiosamente no portão todos os dias. Pai e filha. Até óculos para passear de moto a Jad tinha.
A moto era a outra paixão de Charles. Uma grande Suzuki GSX-750 que, brinca Elaine, recebia mais cuidados do que ela própria: "quando passávamos pela garagem, ele jogava beijo para a moto, era muito engraçado".
Apesar da brincadeira, Elaine também era "alvo" desse jeito cuidadoso de Charles. Ela conta que, como esposo, Charles era "super alto astral", amava viajar, mas também se divertia com as coisas simples que a rotina permitia. Era preocupado com a alimentação da esposa, ligava para saber se ela havia almoçado ou chegado bem no trabalho.
Ele faleceu no dia em que completaram 14 anos de casamento. Elaine guarda até hoje a mensagem que enviou ao marido na data: "o nosso amor é mais importante que tudo e ele nos dá força para conseguirmos ultrapassar qualquer coisa".
O Primeiro-Sargento Charles Baiense, de 46 anos, foi o primeiro bombeiro da ativa no Estado do Rio de Janeiro a ser vitimado pela Covid-19. Segundo as palavras da sua companheira "um herói, que honrou com louvor a farda que vestia".
Charles nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 46 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Charles, Elaine Gomes Ferreira de Araújo. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Cleberson Alcântara dos Santos, revisado por Acácia Montagnolli e moderado por Rayane Urani em 26 de abril de 2021.