1947 - 2021
Um contador de histórias que tinha hora certa para almoçar e dia marcado para abrir uma boa garrafa de vinho.
Francisco nasceu em uma pacata cidade do interior do Rio Grande do Norte onde viveu até os 18 anos. Completando a maioridade deixou tudo para viver e trabalhar fora do Nordeste e, uma vez fora, fez de tudo um pouco e cultivou os mais diversos tipos de amizades.
Casou-se por duas vezes e teve cinco filhos que foram a razão do seu incessante trabalho e para os quais deixou uma história de vida muito bonita e intensa.
Exemplo de coragem e resiliência, seguia em frente mesmo diante das experiências mais difíceis e dolorosas. Quando perdeu um dos filhos, o seu amado Tutuco, viveu a tristeza do luto, mas não se deixou abater.
A vida foi dura com ele. As adversidades que surgiram, e foram muitas, apenas passaram por ele porque a coragem e a fé o ajudaram a manter-se otimista.
Metódico, todos os dias pela manhã acendia uma vela no seu famoso altar, dentro do próprio escritório onde trabalhava e pedia a Deus que abençoasse seus filhos e sua empresa, seu segundo grande amor. Muito honrado, mesmo quando enfrentou grandes crises financeira fez de tudo para não demitir seus funcionários.
Foi um homem reconhecido por sua generosidade: nunca negou ajuda a quem quer que fosse e ajudar o próximo, para ele, era algo espontâneo. Gostava de chamar a todos para almoçarem com ele pontualmente às 11 horas. Sua casa sempre estava de portas abertas aos familiares que passavam pela cidade de Fortaleza. Às sextas e sábados abria uma garrafa de vinho com suas filhas para rir da vida e comemorar os momentos cotidianos.
Inquieto, não sabia ficar parado e estava sempre pensando em fazer algo novo. Gostava de estar entre as pessoas, de implicar e brincar com elas. Amava ouvir e contar histórias que, por sinal, se tornavam muito mais engraçadas graças ao seu típico tom de voz. E era tão fácil ser amigo do Chagas que até mesmo com seus concorrentes e fornecedores nos negócios, ele acabava criando laços afetivos.
Foi um homem de ações grandiosas. Por meio da dignidade de seu trabalho conseguiu fazer o bem, cuidar e proteger aqueles que conviveram com ele. Realizou um precioso sonho: receber o filho mais novo para trabalhar com ele.
Sua fortaleza era tamanha que, apesar de não estar mais presente fisicamente com seus descendentes, sua existência continuará sendo honrada e presente em suas vidas.
Francisco nasceu em Martins (RN) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Francisco, Jelena de Paiva Amaral. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Vera Dias, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 26 de maio de 2021.