1943 - 2020
Ela sempre dava um abraço apertado na neta, toda vez que a via no corredor que dava pra cozinha.
Odete ou “Dona Odete” como era conhecida em Rio Grande do Piauí tinha “mãos de fada”, adorava fazer doces e bolos deliciosos. Talvez, devido ao seu amor pela cozinha e enorme bondade de seu coração, sempre fazia questão de oferecer comida às visitas, preocupada se tinham jantado, almoçado ou tomado café da manhã.
Dona de casa com muito orgulho, tinha prazer em mimar seus netos, cuidar de suas queridas plantinhas, sentar na porta de casa para ver o movimento na rua e jogar conversa fora. “Era uma pessoa muito prestativa e amorosa. Ficou conhecida por todos na cidadezinha de interior pelo seu grande coração”, relembra Ângela, uma de suas netas.
Dona Odete foi casada com José Alves Siqueira, com quem teve seis filhos: Carlos, José, Josete, Josiran, Mardônio e Maurício. Cada um deles, assim como os sete netos, guarda consigo lindas e incontáveis memórias, impossíveis de serem todas contadas neste breve relato. “Esse depoimento foi uma colcha de retalhos, costurada um pouquinho por cada um que teve a sorte de ter em sua vida àquela senhorinha da casa em frente à praça da cidade. Mas eu, a neta mais nova, tenho em mim a memória eterna da avó cuidadosa e carinhosa que minha avó sempre foi”, compartilha Ângela.
Como alguém que tinha a família como seu bem maior, Dona Odete era uma verdadeira “leoa”, defendia sua família com unhas e dentes. Não tinha medo de ir à luta. “Eu sempre ouvia os relatos da sua secretária dizendo sobre a ansiedade dela quando sabia que iríamos visitá-la e que conferia, a cada instante, se tudo estava no seu mais perfeito lugar. Lembro-me de ter pego ela entrando no meu quarto apenas para perguntar se eu não queria comer alguma coisa, se eu estava bem ou apenas para ficar me observando fazer o que quer que eu estivesse fazendo”, diz.
O último e silencioso “até breve” de Dona Odete continua na memória e no coração de seus filhos e netos e foi guardado por Deus, assim como os carinhos, os abraços, os doces, os bolos e as conversas recheadas por gargalhadas ficaram para outro plano. “De repente, ‘a casa da vó’ ficou vazia e ninguém mais conta os dias para visitar aquele cantinho de amor", relata.
“Lembro-me do abraço apertado que ela me dava toda vez que me via no corredor que dava pra cozinha e agora sei o quanto vou sentir falta dele. Ela foi o melhor que uma avó poderia ser pra mim”, conclui.
Até a eternidade, Dona Odete!
Odete nasceu São João do Piauí (PI) e faleceu Teresina (PI), aos 77 anos, vítima do novo coronavírus.
Jornalista desta história Fernanda Queiroz Rivelli, em entrevista feita com neta Ângela Riedel Siqueira, em 23 de maio de 2020.