1951 - 2020
Divertido e imitador, fazia todos rirem na sua lanchonete, onde o Papão reinava. No gol, o grito vinha de lá.
Nascido Estelino, era conhecido por Estelo. Aliás, muito conhecido.
Era uma pessoa cheia de vida. Precisou trabalhar desde cedo e vivia para a família. Sempre foi ótimo esposo, pai, avó e bisavó. Carinhoso e amável. Casado, teve cinco filhos, genros, noras, netos e bisnetas. Com ele a alegria era completa, tudo era risada e amor. Só não gostava de "tolices", que repreendia apenas com o olhar, e bastava.
Em sua casa, cedo o almoço estava pronto. Porém, ninguém sentia fome enquanto ele não chegasse e sentasse em sua cadeira na cabeceira da mesa. De lá, contava como foi o dia, fazendo a família rir, com suas piadas e encenações hilárias, conta a filha Marcilene.
Ele tinha uma lanchonete, onde vendia cafezinho e lanches. Lá, contava suas anedotas e "causos" da cidade. Lá, muitos amigos desfrutavam de sua companhia. Lá, todos gargalhavam com suas piadas.
Estelo amava futebol e torcia para o Paysandu. Todos na cidade sabiam dessa paixão; já que em dia de jogo, a bandeira do time era erguida e, quando saía gol, toda a vizinhança já sabia de onde vinham os gritos. Nos jogos decisivos ou naqueles com pênaltis, ele tomava uísque com água de coco para relaxar, porque "o coração doía", lembra Marcilene, com um sorriso.
O rádio de pilha, a rede, o pendrive com as músicas preferidas, a camisa do Corinthians e tudo do Papão, além da santinha (Nossa Senhora da Conceição, para quem rezava pedindo proteção a todos), são algumas das relíquias da família.
Homem bondoso e trabalhador, amou e foi amado, riu e fez rir.
Abaixo, um poema do amigo Nonato Loureiro escrito para homenagear o pai de Marcilene, Estelo, em 14 de maio de 2020:
Adeus Estelo.
Era a melhor alegria daquele espaço
Onde a gente se sentia muito bem
Com sanduíche de ovo e pão grelhado
E algumas boas anedotas também.
Era a alegria contagiante do lugar
Onde se apostava só de brincadeira.
Cada qual contava um caso diferente
De coisas simples ouvidas lá na beira.
Tinha café, caldo de cana e sanduíche,
Sucos de frutas de diferentes sabores
O rádio, ligado no jovem Nildo Silva,
Tocava música de diferentes autores.
Entre uma piada e outra, a porrinha,
Disputando o café, feito na hora.
Oh! Que saudade, agora sentiremos,
Do Estelo, que hoje foi embora.
Que Deus o receba em plena festa
Ouvir dele excelentes anedotas.
Vai alegrar o céu, tenho certeza,
Com sua maneira de fazer chacotas.
Descanse em paz Estelo, camarada,
Para nós você foi muito importante.
Agora você está no paraíso celestial.
Desfrute desse prêmio fascinante.
Estelino nasceu em Abaetetuba (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.
História revisada por Rayane Urani, a partir do testemunho enviado por pela filha Marcilene Margalho Moraes, em 25 de junho de 2020.